Prof. Marcio Carneiro

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Período Renascentista


Como fora visto logo no início, alguns autores preferem dividir o renascimento entre três séculos, as vezes
divididos pelos nomes de Trecentos, Quattrocentos e o Cinquecento. Assim, me prenderei a esta cronologia para falar um pouco da arte renascentista e de sua história, mas quando falo em arte, não se refere apenas a pintura e a escultura, mas também a literatura e a arquitetura, assim como Giorgio Vasari (1511-1574), pintor, arquiteto e biografo italiano, classificou a arte nestas três categorias: pintura e escultura, literatura e arquitetura. Neste trabalho focarei a primeira categoria e deixarei para o finalpara falar das outras duas. Antes de entrarmos notrecentos, devemos saber que Vasari o qual viveu no último século propriamente da renascença, se notabilizou por ter escrito uma vasta biografia sobre os mais importantes artistas da renascença, a obra que contêm dezenas de biografias se intitula Le vite de' piú eccellenti pittori, scultori e architettori (As vidas dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos). Vasari é considerado como tendo sido um historiador da arte, ele fora um dos primeiros a empregar o termomoderno cunhado por alguns artistas para se referir ao estilo artístico deste período, além disso, ele também fora o primeiro a empregar a palavrarenascença ou renascimento para se referir a estes períodos de mudança que marcam o fim da Idade Média e o começo da Idade Moderna.
Por fim um fato imprecendível para se compreender a filosofia destes artistas renascentistas, é se compreender a gradual separação entre o teocentrismoe o antropocentrismo ou humanismo. Ao longo do período medieval, a filosofia embasada no teocentrismo, dizia que Deus era o centro do universo, do mundo, de tudo e de todos, a forte presença dos preceitos católicos apostólicos na Europa pregava esta ideia, contudo por volta dos idos do século XIV, essa visão começou a ganhar uma ideia contrária, alguns filósofos, passaram a enxergar o mundo, a vida, o universo não apenas do ponto de vista de Deus, mas agora pondo o homem no centro de tudo.
O humanismo ganhou várias vertentes internas nos séculos seguintes, mas para o renascimento a ideia estava em que a arte não necessariamente deveria se prender a retratar a natureza a qual era a obra de Deus, retratar passagens bíblicas ou sobre a vida de algum santo; nesta nova etapa, a influência religiosa ainda permaneceria, a natureza ainda seria um objeto de estudo, mas agora o homem passaria a se impor a natureza, a tentar controlá-la, o homem passaria a ter mais "forma", em outras palavras maior expressividade. Para se entender isso basta comparar a retratação humana dos primeiros pintores do século XIV com os do século XV e XVI, verá-se que o corpo humano passou a ser idealizado, a figurar como uma obra de arte. Mas, esta influência humanista não se prende apenas a pintura e a escultura, ela é vista na literatura, como será dito mais a frente, e na arquitetura.
"Os intelectuais se dedicavam ao estudo da gramática, retórica e dialética, exercitando-se segundo os modelos mais elegantes da Antiguidade, em particular o latim neoclássico. Ao grande desenvolvimento de tais estudos, designados studia humanitatis, deu-se o nome de Humanismo". (BYINGTON, 2009, p. 7).
O estudo das artes clássicas passaram a exaltar aquilo que estes homens que propunham o humanismo necessitavam, uma modelo e o ideal. Todavia posteriormente, alguns artistas, filósofos chegaram a questionar até que ponto o renascimento fora algo inovador de fato, ou não passou de uma mera cópia dos antigos.
Um forma fácil de entender por que os antigos se tornaram a inspiração para os modernos, advêm de uma anedota sobre dois artistas gregos, Zêuxis eParrásio. Os dois foram pessoas reais, mas a anedota criada para eles se tornou uma espécie de mito para os artistas modernos. Na anedota, contada no livro Historia naturalis do historiador romano Plínio, o Velho, diz que Zêuxis e Parrásio eram tidos como os maiores artistas da Grécia em seu tempo, porém ambos queriam saber que era o melhor, para isso eles se desafiaram a pintar qualquer coisa da forma mais realista que fosse possível. Zêuxis pintou um cacho de uvas, e diz a história que pássaros pousaram sobre a tela e começaram a bicá-la, pensando que fossem uvas de verdade, Zêuxis se virou para Parrásio e pediu que ele mostrasse a o que fizera, ele teria dito para Parrásio remover o pano que cobria sua tela. Parrásio respondeu que aquilo não era um pano de verdade, mas sim a pintura de um pano. Zêuxis havia conseguido enganar os olhos dos pássaros, mas Parrásio enganou os olhos dos homens.
Deste singelo mito, a ideia de que a perfeição poderia ser realmente alcançada, passou a ser a meta de alguns artistas da renascença.
"A imitação é um conceito crucial para todo o Renascimento, o ponto de intersecção por onde passam os diferentes elementos do projeto renascentista. Os mitos clássicos sobre o nascimento das artes - Demócrito a Aristóteles, de Vitrúvio Pollione a Plínio, o Velho - são radicados na imagem ancestral do homem, que, imitando, extrai da natureza o próprio saber". (BYINGTON, 2009, p. 15).

Trecentos

No inicio do século XIV, os artistas ainda eram fortemente influenciados pela tradição religiosa, e pelo estilo gótico, nos fins do XIII e nos idos do XIV alguns dos artistas que se destacaram foram: Cimabue (1240-1302), Duccio Di Buoninsegna (1255?-1319) e Giotto di Bondone (1266-1319). Cimabue e Duccio foram um dos últimos representantes do estilo bizantino e um dos primeiros do trecentos a difundir o estilo gótico internacional, o qual influenciou os irmãos Lorenzeti e Simone Martini.

Santa Trinita Madona (1280). Giovanni Cimabue

No entanto dentre estes três artistas o que inovou na arte renascentista fora Giotto. Giotto era filho de um pastor de ovelhas de Vespignano, aos dez anos de idade seu talento fora descoberto por Cimabue, o qual se tornou seu mestre. Cimabue quando viu o jovem Giotto rabiscando o desenho de uma ovelha em uma rocha, viu que aquela criança tinha um grande talento pela frente.
"Seu mestre, Cimabue, trabalhou para representar a forma em seu próprio espaço, mas foi Giotto quem finalmente descartou a tradição Bizantina e, sem imitar ninguém, levou o retrato da humanidade a novos patamares. Há uma autenticidade de expressão nos olhos de suas figuras, e cada gestos é convincente porque corpos reais habitam suas vestimentas". (GERLINGS, 2008, p. 76).
Giotto iniciou uma nova visão e interpretação da arte sacra com o novo ideal humanista que se desenvolvia, suas personagens passaram a possuir um maior ar de realidade e expressões faciais e corporais mais realistas. Giotto se notabilizou na pintura de afrescos, os quais influenciaram Masaccio, Cennino Cennini e o próprio Michelangelo.
Cennini fora um dos primeiros artistas a chamar a arte de seu tempo de moderna, fato este que ele diz o seguinte de Giotto: " [Giotto] traduziu a arte de pintar o grego ao latim, inventando o moderno".
Sucedendo a Giotto, outros artistas que se notabilizariam foram: Ambrogio Lorenzetti (1290?-1348), Simone Martini (1284-1344) e Fra Angelico(1387-1455). Ambrogio e seu irmão Pietro, ficaram conhecidos por suas obras que retratavam o cotidiano das cidades, que falava sobre a vida pública, sobre a politica, algo que saía da tendência sacra fortemente difundida pela Itália. Todavia o que Ambrogio apresentou de novo fora a retratação da arquitetura das cidades, principalmente Florença a cidade mais rica da época. Martini como os Lorenzeti também difundiu as imagens arquitetônicas em sua obr a, sendoestas possuindo uma influência do gótico de Duccio. Fra Angelico ficou conhecido por seus trabalhos prestados a Ordem Dominicana, em muito de seus afrescos. Seu trabalho influenciou Da Vinci.

Os Efeitos do Bom Governo na Cidade (1337-1339). Ambrogio Lorenzetti

Se por um lado, a arte renascentista do trecentos ainda sofria influências do estilo bizantino e principalmente do gótico, no quattrocentos, a arte chegaria em seu auge, será a época de Leonardo e Michelangelo, porém não foram apenas eles que marcaram este período.

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