Prof. Marcio Carneiro

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Quatrocentos

O século XV será um século de profundas transformações na Europa, será o século que marcará o fim da Idade Média de fato, no ano de 1453, quando a cidade de Constantinopla, então capital do poderoso império bizantino de outrora, cairá perante ao cerco dos exércitos turco-otomanos de Mehmed II. Será a época em que a guerra que durou mais de cem anos entre França e Inglaterra terminará, será a época do inicio das grandes navegações, dadescoberta das Américas, da invenção da prensa móvel por Gutenberg, da fronteira entre alquimia e química, do despertar das ciências, das artes; será uma época de guerras e conquistas, mas acima de tudo marca o ínicio de uma nova era da história, a Idade Moderna.
Mas, voltando para a Itália renascentista, uma Itália marcada por guerras, por lutas politicas, traições, mortes, mas ao mesmo tempo marcado pelas artes, pelos mecenas e pela rivalidade entre os artistas. Todavia, será neste período que surgirá a ideia entre trevas e luz, que a Idade Média fora uma "idade das trevas" e que esta era de renascimento marca uma luz que varrerá esta escuridão que cobriu o mundo por quase mil anos. E o caminho escolhido para isso, como já fora visto, será através das artes, das ciências, da filosofia, da poli tica, da retórica, do conhecimento dos antigos.
Nesta época as ciências terão um grande impacto e importância sobre a arte, seja na pintura, escultura e arquitetura, o estudo da geometria, da perspectiva e da anatomia serão fundamentais para os novos pintores. O estudo da geometria permitiu que os artistas desse uma maior complexidade a sua obras,e as conduzisse cada vez mais para o real na pintura, já na arquitetura, a geometria abriu novos caminhos para um novo estilo arquitetônico, o qual buscou reviver a arquitetura romana, lhe dando uma nova roupagem.
"As regras da perspectiva renascentista - inventadas em 1415 por Brunelleschi e descritas em 1435 por Leon Battista Alberti (1404-1472) - possibilitaram a criação do espaço tridimensional sobre a superfície plana, resultandoem uma imagem muito semelhante à percepção que o olho humano possuida realidade espacial e dos objetos nela colocados". (BYINGTON, 2009, p. 18).
"Leonardo havia adotado o princípio das proporções matemáticas para o corpo humano e da rigorosa base geom étrica para a representação tridimensional dos corpos. Para, ele, a ideia de imitação da natureza e a incansável exploração de seus segredos permanecemm uma doutrina absoluta à qual se dedica por meio do desenho; um exercício constante que essa singular figura do Renascimento leva muito álém do âmbito artístico". (BYINGTON, 2009, p. 26).

Homem Vitruviano (1490). Leonardo da Vinci

Não obstante os estudos anatômicos juntos com a geometria eleveram a arte a um novo patamar, dando uma maior realidade as formas humanas. Nesta época, curiosamente era permitido pela Igreja em parte o estudo da anatomia humana e da dissecação de cadáveres, realizadas nas escolas de medicina, nestes casos, os artistas iam para os hospitais e para estas escolas assistir as aulas de dissecação e anatomia. No caso de Leonardo, este realizou seus próprios estudos. No entanto nem todo artista seguiu arrisca esta nova concepção.
Um bom exemplo para se enxergar a a natomia na arte, é vendo os trabalhos de Michelangelo Buonarroti (1475-1564), como exemplo temos a famosa estátua de Daví (1501-1504), a Pietá (1498-1499) e o teto da Capela Sistina, que consagrou Michelangelo não como tendo sido apenas um grande escultor, mas também um grande pintor.

O Juízo Final (1534-1541), Teto da Capela Sistina. Michelangelo Buonarroti

Em suas obras fica evidente a perfeição do corpo humano, na retratação de suas formas e músculos, algo que os gr egos e romanos valorizavam em sua época, não é a toa, que os deuses e deusas sempre eram representados com corpos belos, fortes e esbeltos. Michelangelo como outros artistas consideravam o corpo humano uma obra de arte da natureza, e sua retratação era algo necessário para uma boa arte. Daí em se falar de nu artístico.
Ironicamente mesmo Michelangelo tendo sido um exímio escultor e pintor, a retratação de figuras femininas em sua arte era algo bem peculiar. Ao ver as mulheres retratadas nas cenas na Capela Sistina, pode-se notar que as mulheres foram retratadas com os corpos parecidos as formas masculinas, lhe dando um "ar" masculinizado, a resposta para isso vai desde a contratação de modelos femininos que eram mais caros que os masculinos, e pelo fato de que Michelangelo achava o corpo masculino mais perfeito do que o da mulher.
Todavia, o período do quattrocentos não se marcou apenas pelos trabalhos de Leonardo e Michelangelo, seus principais expoentes, mas muitos outros artistas tiveram destaque nesta época, e não apenas na Itália, nesse século, o renascimento começava a se expa ndir com maior vigor para fora da Itália.
Artistas como Fra Angelico, já mencionado anteriormente, marcou parte deste período, Giovanni Bellini (1430?-1516), o qual teve um import ante papel nesta época, em seus trabalhos e aulas prestados a Veneza, a ponto de levar a cidade a ser concorrente direta de Florença, o berço das artes. Destacam-seAndrea Mantegna (1430-1506), amigo e cunhado de Bellini, Andrea del Verrocchio (1435-1488) famoso pintor e dono de atêlie em Florença, professor deLeonardo. Tommaso Masaccio (1401-1428), de carreira curta e vida díficil, fora igualado a Giotto em seu trabalho. Donatello (1386-1466) fora um dos escultores expressivos desta época. Sandro Botticelli (1445-1510), protegido dos Médicis, tivera um importante atêlie em Florença. Botticelli tentou conciliar em sua arte a retratação das histórias e alegorias cristãs, com a mitologia pagã dos gregos e romanos.

O nascimento de Vênus (1483). Sandro Botticelli

"Entre os séculos XV e XVI, houve uma grande mudança na posição que os artistas ocupavam na sociedade. Sua imagem perante o público, os mecenas e eles próprios mudou drasticamente. A transformação consistiu sobretudo na progressiva diferenciação entre o artista o artesão, pressupondo maior qualificação intelectual das artes visuais, com ênfase na fase de ideação e elaboração da obra em detrimento do aspecto menos nobre da mera realização". (BYINGTON, 2009, p. 30).
O caso mais famoso de mecenas fora Lourenço de Médici (1449-1492), cognominado o, Magnífico. Os Médicis, uma rica família de banqueiros, governaram a República de Florença por muitos anos, e fora Lourenço o responsável por evitar que esta caísse nas mãos do rei de Nápoles e dos franceses em algumas ocasiões, em contra partida, ele também ganhara fama de tirano e opressor em alguns momentos, algo que levou o historiador, diplomata, músico e poeta Nicolau Maquiavel (1469-1527) a dedicar sua obra o Príncipe a Lourenço. Lourenço, patrocinou dentre alguns artistas, Verrocchio, Leonardo e Michelangelo, o qual morou na casa da família Médici por alguns anos.
"Foi em Florença, desde a primeira metade do século XV, que todos esses elementos se conjugaram na arte de um Brunelleschi, um Donatello, um Masaccio, e no pensamento de um L. B. Alberti. Essa primeira Renascença rapidamente ganhou a Itália toda, adquirindo novos impulso nas cortes principescas de Urbino, Ferrara, Mântua e Milão, assim como em Veneza". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, v. 20, p. 4986).
Mas, além de pintar afrescos para igrejas, capelas, mosteiros, fazer esculturas, realizar a decoração de palácios e de outras propriedades de seus mecenas, um dos principais serviços prestados a estes nobres, e ricos burgueses era sua retratação, ou seja, a pintura de retratos. Muitos artistas ganharam um dinheiro relativo pintando retratos, lembrem-se que a pintura mais famosa da história é um retrato.
Será próximo ao fim do século XV que a influência do renascimento deixará de fato a Itália e viajará para outras terras. Hungria, França, Espanha, posteriormente, os Países Baixos e os Estados Alemãs do Sacro Império. Alguns historiadores chamam isso de italianismo, em referência a divulgação da cultura italiana da renascença. Dentre alguns artistas que se destacaram logo neste começo, estava, Albrecht Dürer (1471-1526), o qual fora um dos poucos artistas alemãs influenciados pelo renascimento que tivera fama em suaterra, é considerado por alguns como o precursor deste estilo nesta região. Ele viajou várias vezes para estudar na Itália, estudando com Mantegna e Bellini; serviu como pintor da corte do imperador Maximiliano I, viajando pela França, Bélgica, Países Baixos, Hungria e Itália. Sua grande série de obras representava o livro do Apocalipse.

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